sexta-feira, 31 de julho de 2015

O que fazem as doulas?

Embora no Brasil a figura da doula ainda não seja muito conhecida por todos, sua atuação tem raízes milenares, ainda que não tivesse um nome para descrevê-la.  

Na maioria das sociedades não industrializadas, as mulheres sempre tiveram seus bebês na companhia de outras mulheres além das parteiras. Essas mulheres serviam como apoio emocional e físico, fazendo com que a parturiente tivesse segurança para atravessar as dores e inseguranças presentes nesse momento tão importante.






Quando passaram a existir médicos (e sempre homens, por muitos séculos), sua presença era considerada até mesmo imoral já que o cenário do parto era um cenário exclusivamente feminino. Formado por mulheres que, geralmente, já eram mães e conheciam o desenvolvimento daquele fenômeno fisiológico envolto por um encanto místico.

No final do século XVII a figura do médico começa a aparecer na cena do parto e, com ele (a grande estrela!), o ambiente feminino do parto é desfeito. As mulheres começam a ter que parir isoladas da fraternidade que antes a cercava, com pessoas desconhecidas ao redor, em posição desconfortável e com comandos obrigando seu corpo a fazer o que não sente que deve. Além disso, o caráter intervencionista da medicina acaba transformando, principalmente no final do século XX, a gestação em patologia e a gestante em uma “máquina” defeituosa que o médico precisa arrumar para que o bebê seja “salvo”.

"Ei! Cadê a minha mãe?!?!?!?!"

Os encantos do parto dão lugar ao medo, ansiedade, baixa auto-estima e descrença na capacidade do corpo – tudo o que atrapalha a evolução de um parto vaginal e também a construção do vínculo mãe-bebê, que tem como momento mais importante, a primeira hora após o nascimento.

Nos anos 1990, o termo “doula” foi utilizado pela primeira vez, pela antropóloga Dana Raphael, para referir-se às mulheres que auxiliavam as novas mães para que a amamentação fosse bem sucedida.
Hoje, a Organização Mundial da Saúde reconhece a grande importância das doulas e a melhora nos resultados dos partos acompanhados por elas: reduz significativamente a necessidade de cirurgias cesarianas de emergência, reduz a necessidade de anestesia (já que utiliza métodos não farmacológicos para lidar com a dor), reduz o tempo do parto e evita violência obstétrica.

Além de assistir às mulheres nos partos – sejam  eles hospitalares ou domiciliares -, as  doulas acompanham as mulheres gestantes para que possam sanar dúvidas, acolher seus medos e angústias, ajudar a formular os planos de parto, ensinar técnicas de relaxamento, dar todo tipo de informação necessária para que na hora do nascimento de seu filho, a mulher possa agir como protagonista da sua história e do seu parto, sabendo que tem todo o conhecimento sobre o assunto e que não será submetida a procedimentos com os quais não concorda ou que não devam ser realizados.

O papel das doulas no pós-parto também é de grande importância, já que auxilia a recém-mãe com a amamentação e com os primeiros cuidados com o bebê.

Ainda, principalmente no Brasil – que apresenta uma das taxas de cesariana e mortes maternas mais altas do mundo – as doulas são parte essencial da luta pela humanização dos nascimentos. Luta essa sobre a qual tratarei mais adiante.


As doulas são fundamentais para que mulheres seguras e empoderadas tenham seus filhos de forma amorosa, sem intervenções desnecessárias, que estabeleçam um forte vínculo afetivo com o bebê, amamentem de forma eficaz, gerando pessoas mais seguras e felizes.

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